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Modelo rodoviário é prioridade no agronegócio

‘Atraso histórico’ de investimentos em ferrovias e hidrovias colocam o transporte viário como solução para o escoamento de produtos agrícolas.

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‘Atraso histórico’ de investimentos em ferrovias e hidrovias colocam o transporte viário como solução para o escoamento de produtos agrícolas.

O Paraná exportou mais de 9 milhões de toneladas de milho e soja durante o ano de 2016, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). Ao todo, 56% da produção de grãos foi enviada para exportação aos portos de Paranaguá e Antonina pelas rodovias do estado. Além disso, cerca de 80% da soja embarcada em Paranaguá chega ao porto pela malha viária.

As estradas paranaense são responsáveis por escoar a maior parte da produção agrícola da região Sul e de estados do Centro-Oeste, principalmente Mato Grosso do Sul e Goiás, e também do Norte. Produtores goianos poderiam optar por realizar o transporte até portos da região Nordeste, mas a má condição de rodovias praticamente obriga a escolha pelo escoamento até a região Sul - mais precisamente até o Porto de Paranaguá. O mesmo vale para outros estados, em menor escala.

A concentração de produtos agrícolas de todas as partes do Brasil e até mesmo de países pertencentes ao Mercosul, como Argentina e Paraguai, faz com que Paranaguá sedie o 2º maior porto do país em volume de carga - atrás apenas do Porto de Santos (SP). No entanto, o porto paranaense tem a grande maioria (80%, mais precisamente) dos produtos escoados através de rodovias, enquanto o porto de Santos divide a estrutura com o transporte ferroviário e hidroviário.

Dentro deste cenário, as principais rodovias do Paraná são partes fundamentais do desenvolvimento do setor agropecuário, pois o modelo rodoviário segue como prioridade no transporte até o Porto de Paranaguá. De acordo com o consultor logístico Guilherme Wetnerberger, a prioridade pelas rodovias acontece por dois motivos históricos.

O primeiro deles, segundo o especialista, tem relação com a força da indústria automotiva. “Desde a década de 60, a fabricação de automóveis e veículos de transporte sobre rodas em geral ganhou os olhos de lideranças políticas e recebeu uma série de incentivos”, comenta Wetnerberger. O segundo fator tem a ver com a prioridade de investimentos por parte do poder públicos, que há anos optou por investir no modal rodoviário em detrimento aos demais, como o ferroviário e o hidroviário. “As outras formas de transporte [que não a rodoviária] não correspondem às expectativas de nível de serviço e não possuem tanta estrutura quanto o transporte viário”, diz o consultor.

Somente na década de 90, através de privatizações, que iniciaram os investimentos mais pesados em outros modais, segundo o especialista. No entanto, ainda existem ‘atrasos históricos’ nos demais setores - alguns de aproximadamente 30 anos - que praticamente ‘obrigam’ os produtores agrícolas a realizar o escoamento pelas rodovias. “São atrasos significativos que demandam a aplicação de recursos que nenhum governo brasileiro tem condições de investir atualmente”, garante Wetnerberger.

Caminho contrário também é importante

O escoamento da safra não é o único motivo pelo qual as rodovias paranaenses são importantes para o setor agrícola. De acordo com o presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Edilson Gorte, o agronegócio está baseado diretamente no transporte rodoviário. “As condições das rodovias influenciam não só nos gastos de venda, mas também no processo de compras. É por ela que recebemos sementes e insumos, por exemplo”, explica Gorte. Para ele, a boa condição de rodovias garante o barateamento de produtos necessários para o início do plantio, já que a manutenção de caminhões interfere diretamente no preço dos produtos.

“Estado não tem condições de manter rodovias”

O contrato de concessão de rodovias para a iniciativa privada é visto por especialistas como um dos grandes motivos do crescimento da infraestrutura viária do Paraná ao longo dos últimos 20 anos. Com estradas sem manutenção, de longos trechos em pistas simples e sem nenhum sinal de duplicação, os corredores utilizados por produtores agrícolas para o escoamento da safra era um dos maiores problemas do setor entre as décadas de 80 e 90.

“Não podemos reclamar das estradas de hoje se lembrarmos de trinta anos atrás. Não tem nem comparação e nem pode ser feita. O agronegócio está baseado no transporte rodoviário e os avanços são notórios. Imagina se atualmente o trecho Ponta Grossa-Curitiba ainda fosse em pista simples?”, pondera o presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Edilson Gorte.

Para ele, alguns trechos ainda apresentam carências, principalmente os que não pertencem ao Anel de Integração mantido pelas concessionárias. Gorte afirma que, por conta da proximidade com o Porto de Paranaguá, boa parte dos municípios do Paraná optam pelo transporte rodoviário para o escoamento de produtos agrícolas. “Desde que haja estrutura, a ferrovia pode até se tornar mais barata para longas distâncias. Para nós, que estamos próximos ao porto, é mais viável transportar pelas estradas”, explica. Dentre os motivos, Gorte cita a dificuldade em carregar e descarregar trens, além da velocidade com que eles se locomovem.

Presidente defende nova concessão a partir de 2021

O contrato de concessão de rodovias do Governo do Paraná se encerra em 2021. Por conta das eleições do ano que vem, caberá ao futuro governador tomar a decisão de abrir um novo processo de concessão ou cuidar, por conta própria, da manutenção das rodovias paranaenses. Para Gorte, a discussão sobre o tema precisa estar presente ‘nos palanques’ das próximas eleições, por conta da importância que as rodovias representam para o setor agropecuário, que sustenta a economia estadual.

“Nós, como comunidade, devemos saber a opinião dos candidatos e também discutir detalhes do novo processo de concessão”, afirma. Por conta da situação econômica do país, Gorte acredita que o Governo não tenha outra alternativa a não ser refazer um novo contrato, abrindo novamente o processo licitatório. “O Estado não tem condições de fazer os investimentos necessários nas rodovias. Então, se fizer, faltará dinheiro para itens básicos, como Educação e Saúde”, projeta Gorte.

PR tem as melhores estradas da região Sul, segundo pesquisa

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Transporte (CNT) mostra que o Paraná fechou o ano de 2016 com as melhores rodovias da região Sul do Brasil. Dos 6.244 quilômetros analisados no Estado, o estudo apontou que 45,4% das rodovias são consideradas ótimas ou boas. A média no Sul ficou em 40,7% nestes mesmos quesitos.

O resultado do Paraná também ficou acima da média nacional. No Brasil inteiro, a Pesquisa CNT de Rodovias 2016 analisou 103.259 quilômetros. Foram consideradas ótimas ou boas 41,8%. “Nos últimos anos temos investido tanto em manutenção e conservação de rodovias como em novas duplicações. Isto reflete em melhores condições de trafegabilidade nas nossas estradas”, afirmou o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho.

No entanto, pouco menos da metade das rodovias em condições não é o suficiente para garantir o escoamento de riquezas, de acordo com especialistas da área. Estradas ruins comprometem a produtividade e o custo da operação, impactando diretamente no frete e na saúde financeira das transportadoras e, por consequência, dos empresários dos mais variados setores.

Para manter a malha viária paranaense como exemplo nacional e garantir estrutura para manter a economia do Estado, o governo opta por investir em infraestrutura. Apenas em duplicações de rodovias estaduais cerca de R$ 2 bilhões desde 2011. Os trechos duplicados somam 500 quilômetros. “Temos um pacote robusto de duplicações já realizadas ou em andamento”, afirma o secretário, citando trechos como da PR-323, entre Maringá e Paiçandu; a PR-445, entre Londrina e Cambé; e a BR-376, entre Ponta Grossa e Apucarana.

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