Espaçonave lançada há mais de meio século pode cair inteira na Terra
Estrutura ultrarresistente do satélite Kosmos 482 pode garantir que a espaçonave caia na Terra sem ser danificada durante a reentrada
Publicado: 26/04/2025, 12:25

Em cerca de duas semanas, um objeto lançado há meio século deve voltar à Terra. É a espaçonave Kosmos 482, parte de uma missão soviética para Vênus que falhou ainda na decolagem, em 1972. Desde então, o equipamento permaneceu em órbita do planeta.
O que chama atenção é o tipo de objeto que está voltando: um módulo de pouso construído para resistir à atmosfera de Vênus. Isso significa que, ao reentrar na atmosfera terrestre, a espaçonave provavelmente não será destruído e deve chegar inteiro ao solo.
O especialista em satélites Marco Langbroek, da Holanda, monitora o caso de perto. Segundo ele, o módulo é da missão Venera e foi projetado para aguentar condições extremas – por isso, pode resistir ao calor e à pressão da reentrada.
A peça tem cerca de um metro de diâmetro e pesa quase 500 kg. Embora sejam considerados baixos, os riscos de impacto existem. Sua queda será semelhante à de um pequeno meteorito, com velocidade estimada de até 242 km/h após atravessar a atmosfera.
Esses dados vêm de simulações feitas com o software TUDAT, um programa usado para prever trajetórias espaciais, criado pela Universidade Técnica de Delft, na Holanda. A análise considera o comportamento da órbita do objeto ao longo dos anos.
Nas últimas semanas, o módulo tem se aproximado cada vez mais da Terra. O ponto mais distante de sua órbita (apogeu) vem caindo há meses, e agora o ponto mais próximo (perigeu) também está diminuindo, o que indica a iminente reentrada.
Com uma inclinação de órbita de 51,7 graus, o módulo pode cair em qualquer local entre as latitudes 52º norte e 52º sul – o que cobre boa parte do planeta. A previsão atual estima a reentrada para 9 de maio, às 16h43 (horário de Brasília).
Essa previsão, no entanto, ainda pode mudar. Fatores como a atividade solar podem interferir na velocidade com que a nave perde altitude. Mesmo no dia da queda, os cientistas ainda terão margem de incerteza sobre o local exato do impacto.
Informações: Olhar Digital