Dólar opera em alta e bate R$ 5,91 em “dia sangrento” após tarifaço
Na última sexta-feira (4/4), a moeda disparou 3,68% e terminou o dia cotado a R$ 5,83
Publicado: 07/04/2025, 12:56

O dólar operava em alta na manhã desta segunda-feira (7/4), em mais um dia marcado pela queda generalizada dos principais índices das bolsas de valores pelo mundo, ainda em meio às incertezas dos investidores em relação às consequências das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
O QUE ACONTECEU - Às 12h26, o dólar avançava 1,32%, a R$ 5,913. Mais cedo, às 11h31, a moeda norte-americana subia 0,44% e era negociada a R$ 5,862. Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,917. A mínima é de R$ 5,816. Na última sexta-feira (4/4), o dólar disparou 3,68% e terminou o dia cotado a R$ 5,83. Com o resultado, a moeda dos EUA acumula valorização de 2,27% e perdas de 5,57% em 2025.
MAIS UM DIA DE PÂNICO - Nesta segunda-feira, os mercados globais têm mais um dia de fortes perdas, com os principais índices ainda sentindo os efeitos da nova rodada do “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos importados de diversos países.
Na Ásia, o destaque negativo do primeiro pregão da semana foram as ações da Bolsa de Hong Kong, que despencaram mais de 13% e registraram seu pior dia em quase 30 anos (o índice Hang Seng desabou 13,22%, aos 19,8 mil pontos).
O pânico dos investidores reflete a incerteza do mercado após a decisão do governo da China de retaliar as tarifas aplicadas pelos norte-americanos sobre todas as importações de diversos países, com uma taxa de 34%.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, tombou 7,83%, aos 31,1 mil pontos, o pior resultado em 1 ano e meio. Durante a sessão, foi acionado o chamado “circuit breaker”, interrompendo os negócios.
Em Seul, o índice Kospi recuou 5,57%, aos 2,3 mil pontos. Na China continental, o Xangai Composto afundou 7,34%, aos 3 mil pontos.
Em escalada ao que pode vir a ser uma guerra comercial sem precedentes, a China anunciou, na última sexta-feira (4/4), que vai impor uma tarifa de 34% sobre produtos norte-americanos importados, além das tarifas já existentes.
A medida é uma retaliação a Trump, que anunciou uma taxa de 34% contra produtos chineses, que entraram em vigor no sábado (5/4).
A nova taxa se somará a uma tarifa já aplicada de 20% especificamente a produtos chineses. Ou seja, no total, os produtos chineses vão pagar 54%.
A reação de Pequim aumenta ainda mais as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. A tarifa chinesa entrará em vigor a partir de 10 de abril, de acordo com o Conselho de Estado, o gabinete da China.
Na Europa, o cenário é semelhante. No início do pregão, a Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha, recuava 5,75%.
Na abertura dos mercados em Paris, Londres, Milão e na Suíça, havia quedas de 5,68%, 5,21%, 6,37% e 6,51%, respectivamente.
CASA BRANCA FRUSTRA RUMORES - No Brasil, o dólar e o Ibovespa sofreram forte volatilidade no fim da manhã, quando o mercado repercutia o avanço das negociações em torno do “tarifaço”, com a possibilidade de que as tarifas fossem aliviadas, e a passou a operar em alta. Pouco depois, no entanto, retomou a trajetória de queda.
Em mensagem publicada em rede social, a Truth Social, Trump afirmou que o Japão está enviando uma “equipe de ponta para negociar” as tarifas impostas pelos EUA. “Países de todo o mundo estão conversando conosco. Parâmetros rigorosos, mas justos, estão sendo estabelecidos”, escreveu Trump.
Pouco depois do “respiro” dos mercados, a Bolsa brasileira voltou a cair e o dólar voltou a subir, depois de a Casa Branca ter comunicado que é “notícia falsa” a informação de que as tarifas seriam interrompidas por 90 dias.
TARIFAÇO SEGUE FIRME - Questionado sobre a reação violenta dos mercados ao “tarifaço”, o presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu as medidas em declarações dadas na noite do último domingo (6/4), a bordo do Air Force One, em entrevista coletiva.
Segundo Trump, a queda nos mercados mostra que sua política tarifária está funcionando como um “remédio”. O presidente dos EUA disse ainda que seu país estava “muito mais forte” e que a reação negativa das bolsas mundiais não era um “desejo deliberado de sua parte”.
Vários parceiros comerciais dos EUA foram alvo de novos aumentos, incluindo a União Europeia (20%) e a China (34%). Em retaliação aos EUA, Pequim anunciou tarifas adicionais de 34% aos produtos norte-americanos, agravando o risco de uma guerra comercial global, o que afugenta os investidores.
De acordo com a Casa Branca, 50 países já haviam entrado em contato com para negociar as tarifas.
Com informações: Metrópoles.