Bolsonaro aposta em multidão para elevar pressão por anistia
Pauta única pela anistia aos envolvidos no 8/1 e melhor organização devem levar mais bolsonaristas ao ato da Avenida Paulista do que no Rio
Publicado: 06/04/2025, 10:24

Após a frustrante adesão à manifestação realizada há três semanas na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aposta em levar uma multidão neste domingo (6) à Avenida Paulista, em São Paulo, para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e demonstrar que ainda tem poder de mobilização popular frente ao desgaste enfrentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O foco em uma pauta única — a anistia — e o uso de um símbolo feminino — o batom — para convocar apoiadores para o ato pelas redes sociais são o grande trunfo do núcleo duro bolsonarista para encher os quarteirões da avenida mais famosa da capital paulista nesta tarde e mostrar força política contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou Bolsonaro e mais sete aliados réus no fim de março, por suposto envolvimento em uma trama golpista para manter o ex-presidente no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
Além do apelo para que os apoiadores compareçam em grande número na Paulista — até a previsão do tempo foi monitorada de perto pelos organizadores e não há previsão de chuva na hora da manifestação —, aliados de Bolsonaro se esforçaram para reunir a maior quantidade de governadores no trio elétrico destinado às autoridades. Segundo o pastor Silas Malafaia, sete governadores confirmaram presença, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG), dos três estados mais populosos do país.
Principal organizador do ato, Malafaia acredita que quanto mais governadores forem à Paulista mais respaldo a mobilização terá para dar urgência à tramitação do projeto de lei sobre a anistia na Câmara dos Deputados. O pastor diz que a presença de chefes do Executivo de vários estados remonta à mobilização feita há quase uma década, no mesmo endereço, para pedir o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
“Isso [participação dos governadores] tem uma importância, porque representa poder político, para pressionar deputados”, disse Malafaia ao Metrópoles. “A última vez que teve vários governadores foi em 2015. Então, tem 10 anos que não tem um movimento, com tanto político como esse”, acrescentou o líder religioso, que insistiu até o último minuto para que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), fosse ao ato deste domingo. Caiado lançou pré-candidatura à Presidência na sexta-feira (4) e deve comparecer porque não está disposto a perder a exposição do evento deste domingo, com todos os holofotes políticos voltados à Avenida Paulista.
Bolsonaro também atuou para que mais governadores topassem ir à Paulista na manifestação pela anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro. O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), acertou sua ida ao ato após almoçar com o ex-presidente no Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense, nessa sexta-feira (4). Segundo um parlamentar próximo a Bolsonaro, a ideia de reunir muitos governadores é mostrar que a pauta da anistia supera qualquer divisão da direita na disputa por espaço eleitoral em 2026.
Informações: Metrópoles