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Bispo Dom Sergio é homenageado em assentamento de Castro

Menção foi feita ao bispo hoje, dia da regularização oficial da área

A conquista é das famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que lembraram a participação e o engajamento do bispo Dom Sergio Arthur Braschi em todo o processo
A conquista é das famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que lembraram a participação e o engajamento do bispo Dom Sergio Arthur Braschi em todo o processo -

Publicado Por João Iansen

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Hoje (15), a comunidade Maria Rosa do Contestado, de Castro, se tornou oficialmente um assentamento. Formado por cerca de 60 famílias camponesas desde de agosto de 2015, este é o primeiro assentamento da reforma agrária criado no estado durante o terceiro governo Lula. A conquista é das famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que lembraram a participação e o engajamento do bispo Dom Sergio Arthur Braschi em todo o processo.

“Foi homenageado porque em um momento mais crítico, quando todas as forças eram contrárias àquela comunidade, ele estendeu a mão, foi em Brasília, conversou com autoridades e criou articulação de forças, que acabou resultando nesse diálogo que possibilitou a criação do assentamento. Nesse momento, no momento mais difícil, a mão forte e o apoio foram de Dom Sergio. A conquista dependeu das famílias, que permaneceram, lutaram, produziram; dependeu do apoio das universidades, Federal do Paraná e Estadual de Ponta Grossa, e de diversos agentes, da Justiça e políticos, para que se consolidasse o assentamento Maria Rosa. Naquele momento, a Justiça tinha dado ganho de causa a uma reintegração de posse e a comunidade teria, em tese, 15 dias para deixar o lugar. E o diálogo que Dom Sergio liderou possibilitou o tempo necessário para os argumentos e a verdade se estabelecessem”, justificou o professor Edson Armando Silva, professor do Departamento de História e que atua na comunidade Maria Rosa, e em outras, através de projetos de extensão da UEPG.

Em sua fala, mostrando-se emocionado, Dom Sergio se colocou em uma posição de humildade, dizendo que a conquista foi o resultado de um conjunto amplo de apoios e que ele foi apenas um desses apoios. “Me orgulho de ter feito parte desse processo”, afirmou o bispo. A festa da oficialização aconteceu nesta sexta-feira, na sede da comunidade, a partir das 10 horas, com almoço comunitário e churrasco gratuito, feira de produtos do Coletivo de Mulheres, espaço ecumênico e baile. Presentes o superintendente do INCRA-PR, Nilton Bezerra Guedes, e a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores e deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, os deputados, federal, Tadeu Veneri e, estaduais, Professor Lemos e Requião Filho, autoridades regionais, membros de universidades e organizações parceiras.

Em função da participação do bispo de Ponta Grossa no processo de criação e oficialização do assentamento Maria Rosa do Contestado, por iniciativa do então deputado estadual Tadeu Veneri, Dom Sergio será agraciado com o título de cidadão benemérito do Paraná. A entrega da honraria se dará em 5 de fevereiro, às 18h30, na Assembleia Legislativa. A outorga foi proposta em 2022 e, na votação em plenário, foi aprovada por unanimidade pelos deputados. “O título é um símbolo deste trabalho humano que Dom Sergio faz e sempre fez”, destacou o deputado Veneri.

ASSENTAMENTO - A confirmação do assentamento das famílias ocorreu em uma audiência judicial, realizada no último dia 7, coordenada pelo juiz Antônio César Bochenek, da 2ª Vara Federal de Ponta Grossa. Nesta reunião, se firmou o acordo entre as famílias Sem Terra, o INCRA-PR, Superintendência do Patrimônio da União no Paraná, Defensoria Pública da União no Paraná, Centro de Treinamento para Pecuaristas. A homologação do acordo ocorreu na segunda-feira (11), e encerrou uma disputa que se estendia há oito anos.

A área de 450 hectares foi transferida para o INCRA, que fará a concessão de 150 hectares para o Centro de Treinamento para Pecuaristas e destinará o restante para o assentamento das famílias Sem Terra. Ainda como parte do acordo, 30% dos cursos oferecidos pelo Centro deverão ser voltados a beneficiários da Reforma Agrária.

Cerca de sete mil famílias vivem em 82 acampamentos do MST no Paraná, e seguem a luta pela efetivação da reforma agrária há 10, 20 e até 30 anos. Até agora, nove assentamentos foram criados em todo Brasil neste primeiro ano do terceiro governo Lula.

 HISTÓRICO - Antes de se transformar em local de moradia e produção de alimentos saudáveis, a área da União, conhecida como Fazenda Capão do Cipó, era usada pela Fundação ABC, entidade privada formada por cooperativas do agronegócio e pelo Centro de Treinamento para Pecuaristas, também coordenado pelas cooperativas. Desde abril de 2014, havia um pedido de reintegração de posse por parte da União contra a Fundação, com multa diária de R$ 20 mil.

Nestes cinco anos a comunidade já alcançou muitas conquistas. Uma delas é a certificação 100% agroecológica e orgânica veio em 2018, pela Rede Ecovida. Em 2016 foi criada a Cooperativa dos Trabalhadores Rurais da Reforma Agrária Maria Rosa Contestado (Confran) que fortaleceu a produção e comercialização de forma cooperada melhorando a renda das famílias. Atualmente a cooperativa tem 57 sócios. A cooperativa tem 157 sócios, abrangendo também famílias de outras comunidades do MST na região.

Em 2021, quase 100% das famílias acampadas já conquistaram o Cadastro de Produtor Rural (CAD-Pro). Com este cadastro, as famílias moradoras de áreas ainda não regularizadas tiveram suas atividades agropecuárias reconhecidas, passando a ter o direito de venderem formalmente os alimentos que produzem e a pagar tributos ao município. No mesmo ano, o Coletivo de Mulheres organizado na comunidade conquistou a agroindústria de produção de panificados, macarrão caseiro e beneficiamento de hortaliças.

A comercialização dos produtos é feita a partir de parceria com a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESol) e o Laboratório de Mecanização Agrícola da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Lama/UEPG), o Mercado do Produtor e a alimentação escolar de Castro, além de feiras. A iniciativa garante geração de renda e fortalecimento da participação e da autonomia das mulheres.

A cooperativa da comunidade organiza a entrega de alimentos agroecológicos para o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) municipal de 42 escolas no município de Castro, PNAE estadual para 21 escolas da região. São alimentos saudáveis da Reforma Agrária chegando para crianças estudantes de escolas públicas.

Além de hortaliças, tubérculos e frutas, a comunidade também avança na produção de grãos. O feijão e o arroz já têm mercado garantido, parte vai para exportação. Em novembro deste ano, a comunidade festejou a primeira colheita do trigo, em 10 hectares, com produção de 20 toneladas. No próximo ano, a estimativa é ampliar a produção de grãos. A novidade para este ano é a entrega de alimentos para o programa Compra Direta, para entidades sociais de Castro e outros oito municípios da região, com a entrega de 60 toneladas de feijão no próximo ano.

No Maria Rosa do Contestado, nove camponesas e camponeses são guardiões/guardiãs de sementes crioulas, e cultivam e preservam dezenas de variedades. Além disso, durante a pandemia da Covid-19, as famílias da comunidade se uniram para partilhar alimentos com moradores da cidade que enfrentavam a fome. Foram dezenas de toneladas de alimentos agroecológicos doados, somando com a grande campanha nacional de solidariedade feita pelo MST naquele período, que no Paraná ultrapassou as 1200 toneladas de alimentos.

Com informações da assessoria.

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