Agronegócio gera quase R$ 25 bi em riquezas aos Campos Gerais
Valor Bruto de Produção (VBP) do setor cresceu 49% no período de um ano, valor acima da média estadual. Nos últimos dez anos, desde 2012, geração de riquezas no campo mais do que triplicou junto aos municípios da região
Publicado: 15/12/2022, 15:24
A região dos Campos Gerais tem forte vocação no agronegócio, setor com grande destaque no Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios. Somente o agronegócio gerou R$ 24,92 bilhões em movimentação financeira junto aos 31 municípios da região, de acordo com os dados do Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP), referentes a 2021, fechados oficialmente em novembro deste ano. É um valor que cresceu, em termos nominais, R$ 8,25 bilhões em um ano, o que representa uma alta de 49% sobre os R$ 16,67 bilhões do ano de 2020. Nos últimos dez anos, o valor mais que triplicou, ao registrar um crescimento de 213,4% sobre os R$ 7,95 bilhões acumulados em 2012.
Em crescimento no último ano, os municípios da região apresentaram uma evolução superior à média estadual, que foi de 41% em termos nominais – o VBP paranaense de 2021 totalizou R$ 180 bilhões, contra R$ 128,3 bilhões em 2020. Descontada a inflação, o aumento real no Estado foi de 4,6%; ao passo que na região, em média, superou os 10%. Desde 2013, os municípios dos Campos Gerais que mais cresceram quadruplicaram os valores de produção, em termos nominais. Os produtos de maior destaque, com maior valor agregado regional, foram a soja, o leite e a silvicultura.
Gustavo Ribas Netto, presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa e presidente do Núcleo dos Sindicatos Rurais dos Campos Gerais, atribui esse alto crescimento do VBP nos últimos anos a dois fatores, principalmente. “Nós temos se destacado nos últimos anos devido à pecuária leiteira, que teve um destaque muito bom na região, não só em Carambeí e Castro, que são os maiores produtores, mas também em Imbituva e Ipiranga, com uma nova indústria, então há mais fomento e mais incentivo. E com os preços dos custos e preço de venda das commodities ampliando bem, nós tivemos VBPs muito altos, aumentamos o número de municípios bilionários na região”, resumiu.
DESTAQUES ESTADUAIS
Os dados confirmam a afirmação do presidente do sindicato. Se em 2020 foram quatro municípios que tiveram um VBP na casa dos bilhões, em 2021 esse valor dobrou e agora chega a oito. Eles representam quase um terço dos 25 municípios paranaenses que chegaram a R$ 1 bilhão de riquezas geradas no campo. A lista regional é encabeçada por Castro, que superou Cascavel e voltou a ser a segunda colocada do Paraná, com um VBP de R$ 3,46 bilhões, o equivalente a quase 2% do total estadual, após crescer R$ 1,2 bilhão. Na sequência aparece Tibagi, a oitava colocada paranaense, com R$ 1,9 bilhão, e então Carambeí, com R$ 1,81 bilhão, fechando o ‘top 10’ estadual. Piraí do Sul se manteve como a quarta regional, com R$ 1,5 bilhão, aparecendo na 14ª colocação estadual. Passaram a integrar a lista das cidades bilionárias Palmeira (R$ 1,34 bi), Arapoti (R$ 1,26 bi), Ponta Grossa (R$ 1,24 bi) e Prudentópolis (R$ 1,14 bi).
CASTRO CRESCEU R$ 1,2 BI
No período de um ano, de 2020 para 2021, Castro ampliou seu VBP em R$ 1,2 bilhão, sendo o maior crescimento, em valores absolutos, do Paraná, passando de R$ 2,26 bilhões para R$ 3,46 bi. Mais da metade dos municípios dos Campos Gerais (16 deles) ampliaram os valores em mais de 50%, em termos nominais, neste período de um ano. Já no acumulado da década, as cidades que mais tiveram crescimento no VBP foram Carambeí, Jaguariaíva e Prudentópolis.
Carambeí, que ampliou sua bacia leiteira, passou de R$ 390 milhões, em 2012, para R$ 1,81 bilhão em 2021, se tornando o terceiro maior valor dos Campos Gerais. Em termos reais, Carambeí foi o único município que dobrou o valor, registrando um crescimento de 113,67%, descontada a inflação do período. Jaguariaíva evoluiu de R$ 184 milhões para R$ 787 mi, em termos nominais, atingindo um crescimento real de 96,7%; ao passo que Prudentópolis evoluiu de R$ 278 milhões para R$ 1,14 bilhão, em incremento real de 89,32%.
Região tem força para ampliar os valores gerados
Na avaliação de Ribas Netto, Ponta Grossa e região têm muito a avançar no VBP. “Estamos indo bem, mas poderíamos ir melhor se tivessem menos amarras. Temos amarras ambientais fortes, que fazem com que a gente não avance, com morosidade de licenciamentos e processos que acabam segurando nossa produção e produtividade. E na região temos muitas coisas que acabam não sendo computadas, pela questão de bloco de notas, de não levar para a prefeitura, e isso dá prejuízo”, alega. Outro exemplo dado por ele é que muitos produtores fazem por si a silagem e a usam na própria propriedade, e esses valores não entram na contagem, diferentes de municípios que comercializam silagem, como Castro, por exemplo.
Além disso, o presidente do sindicato alega que há produtores que relutam a aderir à tecnologia, impedindo ganhos maiores. “Ponta Grossa é muito atrasada na intensificação. E aí que falo que licenciamentos e incentivos são necessários. Hoje tem muita tecnologia, que faz com que muitas atividades tenham impacto zero, mas tem pessoas que se mantêm nas ideias antigas, ultrapassadas, e permanecem achando, por exemplo, que uma suinocultura tem alto impacto ambiental. Hoje temos biodigestão, com resíduo zero ao meio ambiente, com geração de energia e de fertilizantes a partir de esterco”, acrescenta.